Parei de ficar rabiscando a folhinha do calendário..

Hoje ao abrir a janela notei algo diferente. Mas algo diferente dentro de mim. Mesmo na palidez do dia, não me senti nem um pouco incomodada com o vento gelado que batia em meu rosto; com a paisagem bucólica que mesmo assim muito me dizia.
O coração anda em falta com algumas coisas. Então, resolvi me desfazer das sombras do passado e abusar da luz que refletia em mim. Resolvi varrer da alma a poeira jogada para debaixo do tapete. Resolvi arejar a casa; trocar as cortinas; pintar a sala e escrever meu nome no chão da varanda com giz.
Parei de ficar rabiscando a folhinha do calendário. Parei de implicância com o tempo. Parei de (re)mexer coisas sem necessidade.
Voltei a minha xícara de café, me pus sentada folheando algumas páginas de um antigo livro. O dia era de calma. A tempestade havia passado a algum tempo. A brisa boa que agora vinha, entrava deliciosamente sem pedir licença refletindo na cadência do coração. Percebi que também é possível viver assim. Sem culpa, sem porquês. Sem que a vida me cobre tanto. Sem que eu não precise nada responder.

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