Sou eu por mim..


Acabei de sentar no sofá da sala e pude observar o entardecer que desbota pela noite que se aproxima.
O céu dá sinais claros de que a noite chega e que dentro do coração transitam pensamentos e sensações que ainda não defino, mas que sempre me levam a algum lugar.
Pego meu café, estico as pernas e tento me distrair abrindo um livro tentando desviar daquele sentimento que ainda me questiona.
Parece não ter jeito, parece estar preso no peito, parece uma corrente que carrego no pescoço como proteção que me cuida e ao mesmo tempo me blinda.
Já pedi perdão, já mudei de estação, já perdi o trem e corri pra longe de mim.
Olho no espelho e vejo os sinais do tempo, vejo a pessoa que sou e no que me transformei com minha própria ajuda com algum sacrifício, algumas desistências, algumas reaproximações necessárias.
Foram tantas lutas, tanto embarcar em viagens que nem sempre tiveram um destino bom, mas fizeram os passos acreditarem que ainda dá pra realinhar a vida.
Olho a tela que se abre a minha frente e observo as partes que me deixaram mais á mostra a parte que eu escondi a parte que não aceitei a parte que transformei e que de certa forma, renasci.
São tantos espaços, tantos assuntos, tantos flertes e sensações inexplicáveis.
Por vezes, me sinto dentro de uma ilha, cercada de silêncio por todos os lados.  Mas, não atrofio o sorriso não perco o gosto pelas coisas que me fazem saborear os momentos que mereço e que também senti ao longo da minha trajetória.
Não estico mais aquela sensação ruim, não me nego a reamar, não me ofereço de bandeja a ninguém.
Nunca é tarde quando as coisas clareiam na mente, quando a aceitação é maior e a dor vai ficando menor e quase imperceptível.
Agora chove. De repente tudo veio para limpar, para clarear, para transbordar os meus avessos.
Dá tempo sim. Tem prece, tem gratidão, tem a hora certa, tem a palavra que desperta, o abraço que conforta.
Alguns amigos permanecem fiéis, alguns pertences já não me pertencem mais. Quero só atravessar a porta e seguir pelo lado que achar melhor.
Pra esquerda pra direita, pela contramão conforme a condição da alma. Em linha reta, fora dos trilhos ou longe de tudo que não me faça crescer.
Amadurecer por vezes é complicado. Mas nada como sentir a presença de algo mais forte que sustenta o alicerce interno.
Assim, vou em frente. Por vezes de armadura por vezes pedindo a cura. A libertação da alma e a sensação de paz valem cada centavo de amadurecimento.
Agradeço pelas pessoas que me ensinaram, pelas que se foram, pelas que ficaram. Sinto que no momento, sou eu por mim e nada mais.

(Sil Guidorizzi)



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