Quero ar, quero paz, quero luz..

Não estou sendo radical demais por cortar todo o mal pela raiz.
Não estou sendo egoísta por querer viver minha vida em paz, sem perseguição, sem maus-tratos, sem nada que perturbe meu espírito.
Os problemas do cotidiano, as situações a que me permito, e as coisas que preciso resolver, são coisas diferenciadas.
Não sou obrigada a arrumar mais problema e a conviver com pedras no meu sapato só pra sentir a dor ao caminhar, não sou obrigada a tentar agradar só pra depois ser jogada pra escanteio.
Não vale a pena. Não vale a pena me rasgar inteira e depois não saber como se costurar.
Não estou mais naquela fase de achar que tudo é lindo e verdadeiro a ponto de não me fazer sofrer.
É por isso que vou aparando arestas, limpando boa parte das coisas que me impedem de vasculhar o meu mundo verdadeiro.
E, olha, ele é simples, aconchegante e cabe muita coisa boa e interessante dentro dele.
Boa parte de mim já se modificou. Os anos passaram e nada do que deixei lá trás, é importante agora.
Nem sempre fiz questão de muita coisa. Só fiz questão de ser tratada com respeito e não com despeito.
Essa é uma das lições que carrego na vida. Ser eu mesma não importa o que esteja acontecendo.
Tudo muda de um dia para o outro e o que for pra ser vai chegar pela porta da frente.
É por isso que não desperdiço mais meu tempo com o que não merece um punhado da minha atenção e do meu ser.
Prefiro me distrair sem ficar batendo na mesma tecla, sem avançar demais, sem procurar agulha no palheiro, sem forçar algum sentimento.
Eles se encaixam na hora certa, eles se desfazem quando o nó aperta.
Quero ar, quero paz, quero luz. Quero abrir as janelas e ver o sol nascer.
Quero o tempo de Deus agindo sobre mim.

Sil Guidorizzi