De repente vai ficando tudo diferente, tão mais nítido tão
mais centralizado.
O simples vai se tornando referência de vida, os ajustes no
coração já são feitos com mais amadurecimento interior. A gente já não se nega
mais, não discute, não leva pra casa o peso da bagagem que incomoda.
A gente vai tirando os sapatos, vai calçando menos dor, vai
tocando os pés no chão muitas vezes se despedindo de tantas coisas desnecessárias
que ontem pareciam verdadeiras torturas desarrumando todo nosso emocional.
A gente já não se importa com o julgamento alheio, porque o que importa é quem
realmente somos e o que sabemos de nós.
E, se alguém vem até nossos ouvidos para desmerecer a vida
de outra pessoa, acredite, estaremos também na sua linha de frente para sermos
abatidos pelo que ela prefere falar pelas nossas costas e não à nossa frente.
De repente a gente olha e percebe que estar sozinho é bom,
que a nossa própria companhia ao menos nos leva aonde quisermos.
E a gente vai vendo que certas coisas já não assustam, que
desfizemos aquele terror todo que criamos dentro de nós por achar que a vida é
sempre ruim.
Existem pessoas ruins, existem pessoas traiçoeiras, existem
pessoas que não se conectam conosco.
De repente é isso, a gente vai trabalhando vai suando vai
prosperando internamente, ouvindo mais a própria consciência restabelecendo o
elo com o que vale à pena sem nos colocarmos no papel de vilões, de pessoas
destrutivas e sem nenhuma relação de afeto ou empatia.
Podemos ser mocinhos, mas também podemos ser mais alertas e
instintivos.
De repente a gente não se acostuma, a gente assume o que
precisa e vive o que quer sem autorização de ninguém.
E quando aprendemos que menos é mais, e que vamos nos
desligando das coisas supérfluas, das coisas fúteis, vamos nos arrumando de um
jeito menos possessivo ou compulsivo por coisas que não nos levam a lugar algum.
A vida já é um presente que veio até nós.
Muitas vezes não agradecemos o suficiente, e nem levamos até
os nossos sentimentos a verdadeira função de estarmos aqui.
E quanto mais nos desprendemos, mais nos desligamos, mais
entendemos o valor do que realmente precisamos, deixamos ir o que nos anula.
Alargar a alma, presenciar o coração indo de encontro a fé
de todos os dias é algo digno.
De repente a gente passou do ponto, passou da hora de mudar,
passou pra muita gente e mesmo assim, continuamos insistindo.
Devemos pegar nossas coisas, e usá-las com quem nos ouve,
nos sente, nos convida a viver.
Não é difícil. Nós é que complicamos.
Precisamos despertar o nosso espírito, sendo menos formais conosco,
menos críticos, menos duros, menos agressivos.
Afinal, quem somos nós? Do que somos feitos? Pra onde vamos?
Há algo além que se mistura ao desconhecido. Mas, se
tentarmos nos reconectar dentro de nós, quem sabe, conseguiremos descobrir.
Só sei, que daqui nada levaremos. Será que vale à pena uma vida
vazia e destrutiva?
Não, não vale à pena.
Somos maiores e melhores do que isso.
Sil Guidorizzi
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