Somos partículas de vida.
E quando nos desligamos deste mundo, deixamos para trás
nossas vaidades egos e todas as nossas vontades, todos os nossos planos, atitudes,
sentimentos, tudo que colhemos em nosso caminho, tudo que deixamos passar sem
termos coragem de segurar.
Somos transportados para um lugar de onde não existe
materialidade, não existe o ser melhor, não há comparação com nada nem ninguém.
Somos essa efemeridade vestida nos dias, nos mostrando que
daqui nada levamos, que aqui não seremos enraizados pelo tempo, que aqui somos
apenas aprendizes em evolução.
Tempo, esse, que mostra muito bem como Deus age, por vezes surpreendendo,
por vezes dando as cartas, por vezes dizendo: filho, calma, que vai ficar tudo
bem.
Somos aqueles nós que demoramos a nos desfazer, aquela
palavra que faltou dizer, aquele abraço que nunca chegou, aquela vontade louca
de sair correndo pra encontrar a luz no infinito do nosso íntimo.
E a gente muitas vezes corre, foge, se esconde, e não tem
coragem de se enfrentar como verdadeiros guerreiros, com medo das frustrações,
das quedas, dos tombos, do medo de achar que nada poderá nos erguer.
Mas, nos erguemos aos trancos e barrancos, dentro do sinal
de alerta que diz que se não nos cuidarmos, não estaremos mais em condições de tentar
e que iremos vegetar como se nada mais existisse ou pudesse ser tocado e amado
com nosso coração.
Somos o vacilo daquele sentimento que ficou muito tempo
dentro daquele canto sem ser mexido, o olhar por vezes distraído sem saber o
que perceber.
Não somos menos, não somos mais, não somos nada além do que
experimentos de alma lutando por um lugar ao sol.
O que encerra muitas vezes em nós é o ciclo daquilo que
não mais nos pertence.
A intensidade do que buscamos está naquilo que energizamos no peito.
Hoje pode haver um sorriso triste; amanhã pode acontecer o
milagre que abrirá a janela da vida dentro do calor de um abrigo bom.
Somos essa extensão que se liga ao etéreo, aos reinícios, aos
nossos fragmentos, aos nossos tão confusos e misturados pensamentos que dançam
sobre nossas cabeças, esperando o momento certo de se consumirem.
O importante, acima de tudo, é crescer dentro da
verticalidade que nos leva ao encontro de Deus, ao encontro da fé, ao encontro
da esperança e da lucidez interior.
Daqui nada levamos. É mais um motivo pra gente parar de sentir
superior, de se sentir dono da razão.
Dependendo do que fazemos, as coisas se tornam poeira em poucos
segundos.
Não vamos nos destruir!
Sil Guidorizzi
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