Às vezes a gente dá uma silenciada; fica off para o mundo externo; contribui com a despoluição interior.
A gente
senta um pouco, vê as possibilidades da vida, das coisas que já não precisam de
freio, das coisas que já estagnaram, e já não funcionam mais.
Às vezes a
gente para de ser tão essencial para o que está nos liquidando, para as coisas
que não são de verdade, para as situações que só nos fazem sofrer.
E aí, a
gente se sente mais humano e menos violento com a própria estrutura interior.
A gente
sossega um pouco, inspira sanidade mental, se exclui do que não dá futuro
algum.
E o coração
apesar de todo sobe desce, de todo cansaço, de todos os feitos, se declara mais
dono de si.
E a gente
vai deixando de ser tão disponível, vai se reconhecendo nos instantes de
solidão, vai colhendo mais amor-próprio, vai investindo naquilo que nos remete
ao estado mais profundo de ser.
E a gente
percebe que para estar junto, tem que estar perto e mais consciente do que
almejamos e que, para sermos livres, temos que nos desprender de muito lixo
acumulado na alma.
A gente se
destrava, sim, se ergue da maneira que pode e confessa para Deus que graças a
ELE e à nossa força que brota das entranhas, o nosso alicerce se salvou dos
terremotos emocionais.
E a nossa
inocência, os nossos sonhos flutuantes, as nossas passagens, por vezes, de
sapatos gastos, nos direcionam ao que vemos hoje, ao que perdoamos e
esquecemos, ao que não pretendemos mais.
A gente se
preza, se preserva, se ilude menos, se aceita mais, pede para descer, para de
se oprimir.
E a gente
desenvolve uma habilidade maior de se autoconhecer sem se autodestruir.
Confesso que
nem sempre será a melhor coisa do mundo tentar se salvar do caos que nos afoga
por dentro, mas sei que ao sairmos sobreviventes, crescemos e valorizamos ainda
mais nosso lugar aqui.
A gente sente
que entre a sombra e a luz há um portal nos direcionando aonde pretendemos
exercer nossas querências e sentimentos, aonde devemos dar continuidade aos nossos
direcionamentos.
Desembarcados,
saímos de nós mesmos e voltamos para a luta sabendo da existência real.
Dá trabalho
viver, mas dá prazer sentir o gosto daquilo que suamos para conquistar.
Às vezes a
gente só quer sentir a brisa batendo no rosto e a calmaria descansando dentro
da gente.
Vai ficar
tudo bem, vai passar!
Sil Guidorizzi
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