Um amor puro..

 


Sigo antenada ao som do Djavan que toca pela casa e me distrai um pouco dos pensamentos misturados, dos sentimentos ilhados, das trajetórias que segui.

Não vejo desertos, mas vejo os passos que dei ao olhar dentro de mim mesma.

Aquele livro de cabeceira continua ali no mesmo lugar. O coração ainda salta algumas vezes quando volta para aquele tempo que um dia já se afastou de mim e que me ensinou a ser forte dentro dos meus retalhos mais íntimos.

Continuo prestando atenção às palavras de Djavan, agora soando como lição de vida.

Um amor puro não sabe a força que tem. Te adoro em tudo, tudo, tudo.

Um dia eu adorei de verdade, e amei com a singeleza de quem não se arrependeu.

Já não pertenço mais, já deixei o caminho livre, já deixei onde foi preciso deixar.

Selo essa paz que lutou muito contra o inimigo, selo essa paz que dançou comigo ao som do meu próprio silêncio.

Minha maturidade está estendida à frente do que agora acredito.

Eu cresci conforme o que fui me concedendo.

Desafiada, por vezes sem norte, por vezes buscando outro lugar para ficar sabendo que é preciso sempre cativar o amor por mim mesma.

Já virei à mesa, já coloquei tudo em pratos limpos.

Já fiquei em segundo plano. Hoje assumo minha posição de ser vivente livre das amarras do que me fizeram sofrer.

Estou em primeiro lugar, estou constantemente me levantando.

Vou Djavaneando. Está tudo bem..



(Sil Guidorizzi)

 

 

 

 

 

Comentários

  1. Lindo demais! Quanta poesia nesse texto! Adorei, caríssima escritora Sil Guidorizzi! Adorei também o verbo "djavanear" e vamos "djavaneando". Parabéns! Show de letras!

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