Aos trancos e barrancos vou me dando o direito de juntar minhas coisas, de sair à francesa, de me permitir imaginar o que almejo.
Às vezes dá um pouco de melancolia, dá vontade de voltar para o aconchego do que salvou.
Tudo já está
diferente, já não sou a mesma e muita coisa foi transformadora.
Às vezes vem
o batimento cardíaco mais acelerado, as mãos buscando, o tempo mostrando que nada
foi em vão mesmo tendo acontecido coisas que não fizeram bem.
Cada página
virada, cada lugar grafado, cada lembrança deixada na memória, trazem a
sensação de que tudo pode acontecer.
É assim que
eu vejo o agora, é assim que não me culpo mais, é assim que acho que rasguei
coisas que deveriam ser rasgadas, que deixei um tanto de coisa sem importância para
traz, que agradeci com mais resiliência o que tive de encarar sem me fazer de
vítima.
Entre o
espaço que circulo e o que recebo, vou me preenchendo sem tantos porquês.
Nada me
falta, tenho a certeza de que Deus sabe o que é melhor para mim.
Aos trancos
e barrancos vou me dando o direito de juntar minhas coisas, de sair à francesa,
de me permitir imaginar o que almejo.
Todos planos
alterados, toda as rotas que se fizeram estranhas, todo lugar que passei e me deixei
entregue também me fez lembrar que tenho um coração bom e que não estou aqui
para ferrar a vida de ninguém.
Muita coisa foi
breve, muita coisa chegou ao nível mais profundo da alma.
Não
endureci; fracassei, tentei de novo, parei de esperar, parei de me sentir
pequena, parei de olhar para os lados para me sentir gente dentro de todas as
minhas imperfeições.
Verdade seja
dita, cresci muito e despachei muita bagagem que não me pertencia.
Hoje eu
entendo o que antes não compreendia e agradeço por todas as coisas que
libertei.
Não espero,
não crio expectativa.
Sigo na fase
mais honesta que tenho.
Estou vivendo de amor-próprio; me escolhi.
Sil Guidorizzi
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