Djavan, sempre Djavan, entrando em meus ouvidos, dizendo muitas vezes o que eu quis dizer e não consegui.
Houve uma época em minha vida que entrei em um processo de carência afetiva muito grande.
Talvez porque me sentisse sozinha, vazia, abandonada por
dentro.
Isso não foi muito bom para mim porque passei a querer encontrar
em outras pessoas o que na verdade faltava aqui dentro.
Na verdade, eu tentei achar e só me machuquei muitas vezes.
Eu percebi que se eu não aprendesse a gostar de mim jamais
conseguiria viver uma vida sem tanto medo, sem tantos bloqueios, sem tanta pressão
de gente doente por dentro.
Hoje eu entendo isso e depois de muito calejar, eu descobri
como é bom poder manter um relacionamento sério comigo mesma, como é bom não viver
dependente emocionalmente de ninguém, como é bom construir minha história sem
viver de escoras, sem viver batendo estaca, sem viver peregrinando esperando
que um milagre me alcance.
Se eu não lutar por mim ninguém vai lutar, se eu não reagir,
tudo vai ficar como está.
Hoje se sigo sozinha, se sinto necessidade de estar mais
comigo, sinto tranquilidade em não mais criar nenhum tipo de caos por conta do
que muitas vezes vi como meta de vida e na verdade, era só uma chuva passageira
no coração, era só ausência de quem nunca preencheu meus pulmões.
O que quero é mais leveza; quero o ar prazeroso naquilo que enxergo
como um lugar mais simples.
Não tenho mais pressa, não tenho mais tempo para perder com
certas coisas.
Já me fizeram muito mal e muitas vezes nem consegui me
defender.
Hoje eu bato o pé, bato a porta, fecho e sigo confiante.
Maturidade por vezes dói na gente, maturidade ensina a cair
e levantar, ensina a cultivar novos trajetos, a semear menos tempestade por todos
os lados.
É por isso que hoje quanto menos falo, mais me entendo,
quanto mais me distancio do que é tóxico, mais me aproximo das coisas boas que
Deus tem para me dizer.
O sinal não está fechado, mas sigo vivendo como acho que me
ajeito.
Nem tudo cabe, nem tudo acende, nem tudo inspira.
Busco sintonia para as retinas, para os abraços, para o que
me comove.
Enquanto isso vou vivendo minha trilha sonora preferida.
Djavan, sempre Djavan, entrando em meus ouvidos, dizendo
muitas vezes o que eu quis dizer e não consegui.
Eu me amo; está tudo bem assim..
Sil Guidorizzi
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