A vida urge, o tempo voa, e eu preciso de abrigo interior.

 


Por: Sil Guidorizzi

Estou aqui pensando qual a idade da minha alma; se sou daqui ou de um lugar distante e desconhecido.

Estou lembrando quantas vezes fui calmaria e furacão. Quantas vezes gastei sola de sapato, quantas vezes saí por aí sem saber bem por onde ir.

Quantas vezes andei com o olhar vago e distante enquanto em minha mente só havia o pensamento das coisas que não consegui entender.

Mas eu sei que sempre em algum espaço, em alguma lacuna da vida a resposta se encaixa como bilhete de Deus.

Tantas vezes eu só quis viver a seriedade de algo bonito sem farsa, sem desculpa.

No fundo, eu desisti de ser sempre a pessoa que espera para ver. Eu não espero mais nada de ninguém. A vida urge, o tempo voa, e eu preciso de abrigo interior.

Toda vez que eu me lembro daquela voz que me disse que sou humanamente inesquecível, sinto que em algum lugar fiquei e permaneci na caixa de memória afetiva desse alguém.

Estou aqui decifrando palavras nas entrelinhas, pontas que ficaram soltas, deixando de ser saudade para ser mais eu nesse lugar que vivo hoje.

Eu não ligo de dizer o que sinto, não ligo se um dia eu também caí.

Como eu sei que tudo passa e tudo é mutante, acho que estou crescendo sem precisar gritar tanto.

Estou aprendendo a me ouvir.

Tenho interesse por tudo que me leve para frente, que alcance minhas mãos, que abrace forte minha alma.

Sem paz, sem acerto.

Não dá para viver sempre em cima do muro. Quem sabe, um dia, talvez.

Eu sempre digo que os fortes sobrevivem apesar dos fracassos, das batalhas perdidas; que eles também se cansam, se desgastam, se excedem; fraquejam.

Ao mesmo tempo criam uma solidez espiritual que poucos conseguem ver.

É que vem de dentro, vem de toda trajetória, vem de cada amadurecimento.

Eles sabem que sempre será um dia por vez.


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