Neste caminho entre o certo e o errado, entre a sensação de que se fez o que pôde, resta-nos a sensação de que não dá para ficar contando quantas vezes desabamos ou quantas vezes, diante da nossa própria fé, levantamos. Ainda há muito a se fazer.

 



Por: Sil Guidorizzi

Às vezes, a gente precisa voltar para nossa casa, precisa aprender a espairecer o coração. Precisa se ajeitar no desarrumado ou colocar as coisas em dia.

Às vezes, a gente só quer saber de cuidar mais dos sonhos que estão guardados, das pessoas que se conectam com nosso espírito, só quer se sentar em algum lugar longe de tudo que faz mal e cansa a vida.

Às vezes, é preciso fazer uma reforma íntima para se achar, para saber quem a gente é e onde deve estar neste momento de transformação e canalização física e mental. 

Longe, perto, dentro. Perto dos próprios ideais e de menos sofrimento.

Às vezes, a gente empilha coisas, empurra com a barriga; faz, muitas vezes, cara de paisagem, cara de quem não quer entrar em conflito com ninguém. E aí a gente vai aprendendo onde ficam as coisas mais próximas, onde deve de verdade nos isolar e passar adiante coisas que aprende de bom.

Às vezes, Deus chega e nos mostra que nem sempre é aquilo que vemos, que acreditamos, muitas vezes, por sermos pessoas do bem.

Muitas vezes, deletamos e não esquecemos, pensamos e não nos atendemos, culpamos a nós mesmos e nos remoemos pelo que os outros não viram em nós.

Nem todo mundo enxerga com a alma, nem todo mundo tem a sensação de que foi coisa de outro tempo, nem todo mundo tem empatia, isto é, não consegue se colocar no lugar do próximo, ou viver relações interpessoais.

A energia que canalizamos é o que nos trará o equilíbrio ou o desequilíbrio.

Às vezes, é preciso barrar a própria euforia para ir mais devagar, é preciso menos expectativa para não sair ferido, é preciso ter consciência de onde os pés andam, onde abraços podem tocar, onde palavras de incentivo podem fazer a vida de alguém melhor.

Às vezes, a gente sai e esquece de si mesmo, a gente se veste para ser útil a alguém, ajuda a sanar dores, espalha afetos, silencia quando alguém sente o mundo desabar.

Neste caminho entre o certo e o errado, entre a sensação de que se fez o que pôde, resta-nos a sensação de que não dá para ficar contando quantas vezes desabamos ou quantas vezes, diante da nossa própria fé, levantamos. Ainda há muito a se fazer.

Às vezes, a gente ignora, para de depositar fichas em coisas falidas e compreende que tem de ser a melhor companhia em certas situações.

Haverá dias em que a gente terá de conviver consigo, de aprender a respirar mais devagar, de enfrentar certos monstros que o assombram; a gente terá que se habitar com respeito e tolerância.

Para isso, é preciso calma, entendimento, sensação de proteção e amparo por algo maior que nos protege além desta camada terrena.

Não estamos em tempo de intrigas, de farpas, de quem é a culpa, estamos em tempo de crescer, de amadurecer, de fazer por nós e pelos outros algo realmente instrutivo e saudável à mente e ao coração.

Às vezes, é Deus mostrando que é hora de pausa e recolhimento. É tempo de mais consciência e maturidade interior.

 

Imagem de Vladimir Buynevich por Pixabay 

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