Eu tenho orgulho do que me tornei.
Não sou nem rancor, nem ódio.
A vida é uma escola e sempre haverá alguma revanche. Deixo
para a lei do retorno. Eu sei que em algum momento aquilo que não entendi vai
se abrir e me mostrar o que eu precisava esclarecer.
Cada batalha é espaço para que eu aprenda que nada é tão
fácil assim e que decepções são expectativas em excesso.
Eu cresci graças ao que conquistei aqui dentro.
Foi suor, noites de insônia, desprendimentos necessários,
idas e vindas, solavancos incontidos, preces em meio ao choro, entre o desejo
de sumir.
Não me martirizo; quando precisei de mim tive que aprender a
compreender meu histórico de vida e acessar um caminho mais digno.
O segredo foi aprender a falar menos, a dizer adeus, a não
me apiedar de gente que nunca quis saber de mim, foi me colocar em primeiro
plano manifestando o desejo de que eu siga contribuindo para minha
espiritualidade e proximidade com Deus.
Minha religião é esse tanto de fé que carrego e esse tanto
de esperança que ainda dança no peito.
Sou uma entre tantas pessoas que caminham e atravessam suas estradas.
A minha tem história, tem uma porção de afeto, tem amigos
que ainda seguem comigo, tem o tombo, o recomeço, o revisitar da própria
existência.
Sou vigília, sou ombro para quem quiser recostar, para quem quiser
jogar um pouco de conversa fora, para rir. (Sim, faz bem para a alma).
Mas também sou rompimento quando minha estrutura já não resiste
aos maus-tratos ao coração, quando já não me sinto bem-vinda, quando me falta
ar sem conseguir me deslocar.
Eu tenho orgulho de mim porque construí meu lugar andando
por cima de escombros, juntando meus pedaços, levando a vida para frente sabendo
que Deus faz tudo certo e que meus erros e arrependimentos também me ensinaram
a crescer.
Se ontem eu chorei, hoje eu posso me sentir mais livre e realizada internamente.
Sem dependências emocionais, acho que sou mais eu caminhando
comigo.
O céu mais azul mesmo depois de dias chuvosos me transfere a
sensação de que ainda estou aqui, lutando por mim.
Por isso eu sempre repito: se hoje não foi bom, amanhã
poderá ser melhor e assim, sucessivamente, vou costurando meu destino.
Apesar dos rasgos, das fraturas internas, vou me recompondo
sem me expor tanto.
Fiquei mais sábia, menos crítica, menos senhora da razão,
menos maleável para certas coisas.
Nem sempre vou acertar, mas sou assertiva quando digo que em
mim, muita coisa se modificou.
São as experiências das vivências.
Hoje eu não me importo com muita coisa. Tiro os sapatos, respiro meus desejos e me alimento de luz.
Vivo aquilo que escolhi!
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