Sou uma entre tantas pessoas que caminham e atravessam suas estradas.



Por:Sil Guidorizzi

Eu tenho orgulho do que me tornei.

Não sou nem rancor, nem ódio.

A vida é uma escola e sempre haverá alguma revanche. Deixo para a lei do retorno. Eu sei que em algum momento aquilo que não entendi vai se abrir e me mostrar o que eu precisava esclarecer.

Cada batalha é espaço para que eu aprenda que nada é tão fácil assim e que decepções são expectativas em excesso.

Eu cresci graças ao que conquistei aqui dentro.

Foi suor, noites de insônia, desprendimentos necessários, idas e vindas, solavancos incontidos, preces em meio ao choro, entre o desejo de sumir.

Não me martirizo; quando precisei de mim tive que aprender a compreender meu histórico de vida e acessar um caminho mais digno.

O segredo foi aprender a falar menos, a dizer adeus, a não me apiedar de gente que nunca quis saber de mim, foi me colocar em primeiro plano manifestando o desejo de que eu siga contribuindo para minha espiritualidade e proximidade com Deus.

Minha religião é esse tanto de fé que carrego e esse tanto de esperança que ainda dança no peito.

Sou uma entre tantas pessoas que caminham e atravessam suas estradas.

A minha tem história, tem uma porção de afeto, tem amigos que ainda seguem comigo, tem o tombo, o recomeço, o revisitar da própria existência.

Sou vigília, sou ombro para quem quiser recostar, para quem quiser jogar um pouco de conversa fora, para rir. (Sim, faz bem para a alma).

Mas também sou rompimento quando minha estrutura já não resiste aos maus-tratos ao coração, quando já não me sinto bem-vinda, quando me falta ar sem conseguir me deslocar.

Eu tenho orgulho de mim porque construí meu lugar andando por cima de escombros, juntando meus pedaços, levando a vida para frente sabendo que Deus faz tudo certo e que meus erros e arrependimentos também me ensinaram a crescer.

Se ontem eu chorei, hoje eu posso me sentir mais livre e realizada internamente.

Sem dependências emocionais, acho que sou mais eu caminhando comigo.

O céu mais azul mesmo depois de dias chuvosos me transfere a sensação de que ainda estou aqui, lutando por mim.

Por isso eu sempre repito: se hoje não foi bom, amanhã poderá ser melhor e assim, sucessivamente, vou costurando meu destino.

Apesar dos rasgos, das fraturas internas, vou me recompondo sem me expor tanto.

Fiquei mais sábia, menos crítica, menos senhora da razão, menos maleável para certas coisas.

Nem sempre vou acertar, mas sou assertiva quando digo que em mim, muita coisa se modificou.

São as experiências das vivências.

Hoje eu não me importo com muita coisa. Tiro os sapatos, respiro meus desejos e me alimento de luz.

Vivo aquilo que escolhi!

 

Comentários