Diante da janela ainda aberta, Ana consegue ver as
estrelas que brilham sozinhas sem brigar por espaço algum.
Ela se debruça e observa o céu como quem tem uma longa
conversa.
O relógio mostra que o tempo tem passado e que os
móveis claros precisam de uma reforma.
Que precisa jogar fora os velhos jornais com
algumas noticias recortadas.
Ela teima em manter aquele canto desarrumado. Teima
em guardar aquele retrato de anos atrás como se fosse um pequeno amuleto de
saudade.
Mas ela sabe que as melhores recordações estão no coração,
no olhar que muita coisa sentiu em meio às passagens que lhe abriram portas e
que vibraram de forma intensa em seu caminho.
É tarde da noite, e Ana não consegue dormir.
Abre o livro de cabeceira, olha ao redor e sente de repente um perfume suave
invadindo o quarto.
Começou a sorrir. Lembrou-se dos telefonemas no meio
da madrugada, das juras que pareciam preencher aquele campo vazio incompreendido..
Deu uma volta pela casa, foi até a janela. Sussurrou alguma coisa baixinho.
Soltou o cabelo deu um suspiro, fechou os olhos.
Sentiu-se mais próxima das lembranças.
Tudo cabia ali.
Sil Guidorizzi..
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