Somos seres temporários. Que Deus nos proteja e a calmaria nos encontre.


Às vezes, é necessário sair vasculhando os cômodos da casa para ver se algo ficou esquecido, se o telhado precisa de conserto, se a pintura desgastou, se aquela lâmpada enroscada na luminária precisa voltar a acender.

Às vezes, o estresse violento, os traumas que carregamos, o medo de colocar os pés para fora para não sentir falta de ar, para não sentir tontura, para não sentir nada além do que o próprio receio de tocar a vida para a frente, parece camuflar aquele monte de entulho esquecido em algum lugar.

Por vezes, andamos de muletas, andamos aos trancos e solavancos, disfarçamos e fazemos de conta que está tudo bem.

O que nos salva e nos orienta, o que nos traz para perto da nossa essência e caminho de vida é a luz que não teme a escuridão, é a luz que reserva em nós o combustível para reacender, reaprender, renascer e resolver os conflitos que dançam e, muitas vezes, pisoteiam nosso espaço interno.

Quem somos, o que buscamos, o que pretendemos para nós mesmos.

Se não tentamos, não sabemos; se não sabemos, não aprendemos.

Parece difícil, por vezes, extenuante, por vezes conflituoso. Ninguém disse que viver seria tarefa fácil.

Às vezes, agimos como crianças perdidas; às vezes, somos verdadeiros leões rugindo alto, afrontando. Às vezes, entre um dia e outro, estamos em busca de ninho e abrigo.

Que possamos abrir uma grande fresta em nosso ser, para que sejamos mais livres e felizes.

Somos seres temporários. Que Deus nos proteja e a calmaria nos encontre.

Sil Guidorizzi


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