A gente por vezes se distrai, se esbarra em algo mais profundo, luta pra não deixar a peteca cair.



A gente quer tanto que as coisas deem certo, que ninguém se machuque, que ninguém passe pelo crivo da dor.

Mas a gente sabe que não possui o domínio da vida de ninguém, que Deus possui uma sala, um lugar específico para que cada um seja monitorado e assistido pelas coisas que deve passar.

A gente não quer se machucar, não quer sangrar de novo.

Mas tudo está dentro da gente; do que deixamos, do que perdoamos, do que não sintonizamos para não mais atrair.

A gente quer que as pessoas que a gente ama, sejam dignas, que consigam felicidade na vida, mesmo sabendo que a vida de gente grande é complicada, mas ao mesmo tempo, o espaço onde cada um tem de aprender.

A gente não quer se crucificar, não quer deixar de amar, não quer deixar de sentir e viver as coisas mais bonitas.


Mas a gente sabe que muitas vezes tudo dói, e que é preciso uma coragem necessária para desfazer os nós, para cicatrizar feridas e olhar pra frente com a alma voltada para o presente.


A gente por vezes se distrai, se esbarra em algo mais profundo, luta pra não deixar a peteca cair.


E ela também cai, assim como nosso humor muda, assim como deixamos escapar aquele dia de menos interesse por qualquer coisa, aquele dia que isolamos do mundo para sermos donos de nós mesmos.


A gente sabe que é passageiro, que calçar o sapato com pedra dentro dele, incomoda, que se posicionar diante das situações e abranger aquilo que merece ser prioridade, é conscientização do agora.


A gente não quer jogar fora as boas lembranças que ficam, os abraços que cuidaram, as palavras que nunca foram esquecidas e os gestos que roubaram nosso coração por tempo indefinido.


A gente sabe que acordar e agradecer é honestidade para que a gente mentalize sorte, paz, prosperidade e amadurecimento.


E cada pedaço do que atravessamos, cada instante que nos frustramos, cada instante que conseguimos algo com nosso suor é a vida mostrando que não dá pra parar, não dá pra deixar, não pra se desmerecer.


A gente por vezes quer só sentir que há pele com pele, alma com alma, vida sintonizando na mesma estação da gente.

E nessas viagens onde tudo é adequado ao nosso presente, onde coisas se alinhavam, coisas se soltam, coisas se libertam, é que vamos plantando nosso caminho.


A gente sabe que não é fácil, mas é preciso continuar.


A gente precisa dessa luz interior circulando dentro da gente.


Sil Guidorizzi


Imagem de Gisela Merkuur por Pixabay

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