Um dia de luz na alma, é cura pra mim!




Acho que agora não é amor. Acho que agora é só desapego. Desapego do que um dia eu achei que fosse algo bom.

Acho que não é mais nada além de uma passagem na memória, do que um rascunho que apaguei.

Não me sinto culpada por isso, não me sinto como se tivesse sido crucificada por um dia querer demais.

A vida, é uma rota de fuga, é um caminho onde o coração vai aprendendo a esquecer, vai aprendendo a se reeducar com mais cuidado e percepção interior.

E ele, na verdade, não precisa sobreviver de sobras, não precisa se esconder por medo da verdade.

Acho que não é fracasso e nem sensação de que já foi.

É só o jeito meio torto de olhar pela janela do tempo e perceber que eu não cabia mais ali.

Na verdade eu fui a juventude de quem um dia sonhou livre.

E, se eu voltei pra falar disso, é porque eu consegui desatar o que me prendia a esse excesso de tudo que me segurou.

Às vezes é preciso aprender a limpar o que está intoxicando a alma, para que coisas se abram.

Não é tristeza, nem dor, nem mágoa.

É coragem mesmo, coragem de não ser mais a mesma depois de tanto tempo.

E o tempo além de ensinar a criar raízes, ensina o tempo de poda, ensina o que realmente importa.

Deve ser por isso que não me incomodo mais, deve ser por isso que não me justifico e nem me explico.

O que eu cativo eu não desfaço como um doce que enjoei, o que realmente me aprofunda não vai pro raso ou para qualquer esgoto da vida.

Prefiro outro Norte, do que achar que não sou mais eu.

Sem promessa, sigo pela estrada que escolhi.

Nem tarde, nem adiantada, apenas no tempo certo.

E quando a gente se deixa em paz, longe do que machuca, há o tempo de cura e renovação do espírito.

Um dia de luz na alma, é cura pra mim.


Sil Guidorizzi




 Imagem de Free-Photos por Pixabay

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